Birras: como lidar?

Tarde em família no shopping. Você está passeando com seu filho de 1 ano e 7 meses e para num quiosque de livros infantis para entreter o pequeno enquanto aguardam o seu marido, que foi resolver uma coisa numa loja próxima dali. O marido aparece, é hora da família feliz e sorridente ir embora. Quando o papai pega o bebê no colo se dirigindo para a porta de saída, a criança solta aquele grito alto, estridente, assustador. Ela não quer sair dali ainda. Os passantes olham com aquele misto de susto, curiosidade e julgamento. “Estão machucando essa criança”, “Que tipo de pais são esses?”, devem pensar. Ninguém estava maltratando ou sendo maltratado. O grito da criança? Pura malcriação. As famosas birras.

Essa história poderia ter sido inventada para ilustrar esse post, mas é um caso real. Os personagens, pessoas muito próximas: eu, meu marido e meu filho.

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Acontece nas melhores famílias: nem a atriz Isla Fisher se livrou de uma crise de birra da pequena.
Birras: ataques de malcriação a qualquer hora e em qualquer lugar

Esses ataques de malcriação não têm sido eventuais, mas esse caso que contei foi a primeira vez em público. Depois de muito me perguntar o que eu estava fazendo de errado, pedir orientação à pediatra e conversar com outras mães  – ao vivo e virtualmente – de crianças da mesma idade de Luca, descobri que fazer birra não é uma característica só de Luca, e que – ufa! – eu e o meu marido não estamos cometendo nenhuma falha grave na criação do nosso baby.

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Os terríveis dois anos

A birra, segundo a Dra. Christine Bruder, psicóloga e psicanalista do berçário Primetime Child Development, faz parte do desenvolvimento da criança, principalmente na faixa etária de 1 a 3 anos, período conhecido como “terrible twos” (terríveis 2 anos de idade). “Ataques de birra fazem parte do processo normal de desenvolvimento, pois é difícil para uma criança pequena controlar fortes emoções. Quando elas se sentem frustradas, com raiva ou desapontadas, em geral manifestam a agressividade chorando, gritando ou batendo os pés com força no chão”, explica.

As birras fazem parte do processo de desenvolvimento

Pode parecer negativo, mas esse tipo de atitude faz parte do processo do autocontrole. Por serem muito pequenas, as crianças ainda não tem noção disso, e os gritos, choros e pontapés, embora não sejam convenientes, são as formas que elas encontram para se expressar. “É também uma forma da criança testar as regras e limites ou receber atenção dos pais”, pontua Dra. Christine, que orienta os pais a tentarem ajudar a criança buscando formas mais eficientes, como se comunicar melhor.

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“Não é produtivo tentar reprimir a criança por ela estar descontrolada. Ela está aprendendo a lidar com suas emoções e o melhor que você pode fazer para ajudá-la é manter a calma, explicar o porquê dela estar tão nervosa e ajudá-la a se acalmar. Não a ignore e nem a deixe sozinha, se estiver em público leve a criança a um lugar reservado e espere ela se acalmar”, orienta a psicóloga, destacando ainda que os pais não devem ceder a estes ataques e nem recompensar as crianças por ser acalmarem dando doces ou presentes. “Isso pode dar a impressão de que os ataques de birras são uma ferramenta de barganha. Você pode às vezes se sentir culpado por dizer não. Mas seja consistente e evite mandar sinais contraditórios”.

“Aprender a administrar as próprias emoções faz parte do desenvolvimento sadio de toda criança. Os pais são importantes aliados nesse desenvolvimento ao procurar entender e validar os sentimentos das crianças. Os pais são modelos também, lembre-se que a reação dos pais frente ao ataque de birra também ensina à criança como lidar com os próprios sentimentos.”, completa a Dra. Christine Bruder.

Crédito das imagens: Huffington Post | Pop Sugar

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