E o segundo filho, quando vem?

Você pode até ter passado incólume na cobrança enquanto pessoa do sexo feminino que não tem interesse em procriar, mas se você já tem uma criança, com certeza ouviu a célebre frase: “E o segundo filho, quando vem?”. Poderia ser só mais um comentário que a gente ouve sempre e contra-argumenta, poderia ser só mais um que entra por um ouvido e sai pelo outro, poderia ser só mais uma daquelas coisas que a gente escuta, dá uma resposta atravessada, e nunca mais ouve de novo {pelo menos não daquela pessoa que levou o fora}. Poderia ser mais uma coisa boba a ignorar, mas hoje não.

A cobrança não foi comigo, dessa vez eu acabei tomando as dores de uma pessoa que eu acredito que nem se incomode em ouvir esse tipo de coisa. Sei lá, talvez tenha sido a minha TPM que fez a quentura subir até a cabeça quando li na TL de uma conhecida minha no Facebook o comentário: “Está na hora de ter o segundo”. Só sei que na hora o sangue ferveu, e por muito pouco não me intrometi na conversa que não tinha sido chamada para responder: “Quem você pensa que é para determinar o momento que alguém vai ter um filho?”

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E agora que o sangue esfriou, continuo pensando nessa mania tosca que as pessoas tem de meter o nariz na vida alheia. E ainda que se estressar com isso seja uma bobagem, esse tipo de comentário incomoda, ainda que a pergunta possa parecer simples e livre de danos, e não seja feita na maldade. A verdade é que a resposta por não ter um segundo filho raramente é um simples ‘porque não’, algumas até querem, mas analisam uma série de fatores que a impede, atrapalha ou no mínimo retarda o desejo.

segundo-filho

Nunca escondi o desejo de ser mãe novamente. Quando Luca nasceu o meu pai estava no hospital, vindo a falecer dois meses depois. Foi um período emocionalmente difícil, e uma das coisas que eu gostaria muito era de ter a chance de curtir as primeiras semanas de um bebê sem todo esse peso emocional misturado à melancolia natural do pós-parto. Por outro lado, com uma situação financeira restrita, um segundo filho agora não nos permitiria poder oferecer a Luca um bom colégio, plano de saúde, natação, passeios em família e, ao mesmo tempo, dispor de recursos para pagar mais um plano, prover todas as vacinas para um recém-nascido, pagar uma babá para me ajudar com duas crianças…

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A vida do outro sempre é fácil para quem vê de fora, mas só sabe quem vive.  Então a minha dica é que se você não conhece bem a pessoa para saber como ela pode reagir, ou se não está disposto a ouvir um sermão como resposta, simplesmente não faça esse tipo de pergunta. Quando o segundo filho estiver à caminho, você certamente ficará sabendo. Sem cobranças, por favor.

Imagens: Shutterstock

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3 comments Add yours
  1. Oi Ana, tudo bem?
    Pois é, eu acho esse tipo de pergunta tão invasiva.
    Msm coisa com quem já está casado há um tempo e ficam cobrando um bb!
    Poxa, sabe-se lá se o casal casal/pode ter um filho?
    Se um dos dois for estéril? Ou se estão tentando e ainda n conseguiram?
    Como fica a cabeça do ‘perguntado’?

    Eu acho q certas coisas n se pergunta, em circunstância nenhuma!
    Salvo qd a pessoa é quem começa o assunto e msm assim se vc sentir q pode perguntar.

    Às vezes dá vontade msm de se meter e dizer: Eiiiii, fica na tua ok?!
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

  2. Concordo, com a Fernanda e geralmente essas pessoas botando pressão são tios, irmãos, até pais. O problema é que ter um filho não é apenas “fazer”, é preciso ter todo um planejamento financeiro e o pai e a mãe devem estar cientes.

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