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Mala de memórias

Pequena, velha e enferrujada. Se fosse um objeto qualquer, provavelmente estaria no lixo, mas essa mala carrega um conteúdo que vai muito além de utilitários. É uma mala de memórias.

Ganhei uma malinha azul do meu saudoso padrinho quando tinha uns cinco anos e fiz a minha primeira viagem de avião para Brasília. Lembro da ansiedade de voar pela primeira vez, do cabelo preso em um rabo de cavalo e das poses orgulhosas para a câmera antes de embarcar. Lembro até da crise de choro no avião, no vôo de volta para Natal, quando uma turbulência fez com que derrubasse suco de laranja na minha linda e engomada calça branca de pregas. Mais de 25 anos depois, eu jamais imaginaria que a pequena mala azul-marinho com o aplique de três bichinhos dentro de um balão ainda existisse, e imaginava menos ainda que dentro dela pudessem estar objetos tão bem guardados, assim como as lembranças carinhosamente arquivadas em algum lugar do meu subconsciente.

Mala de memórias

Foi só quando fui à Natal no primeiro semestre do ano passado, logo após os meus pais terem se mudado para um novo apartamento, que tomei conhecimento dessa mala. Na mudança muita coisa acabou ficando para trás, mas a mala seguiu para o novo lar. Quando a minha mãe me mostrou o conteúdo dentro dela eu não conseguia parar de sorrir {e de espirrar!}, como se cada peça retirada de dentro da mala projetasse a cena de uma situação vivida. Uma grande tela exibindo uma cena nítida e emocionante. Tudo isso na minha cabeça, uma linda e colorida memória.

+ O valor sentimental das coisas
+ Quando você era criança

A fantasia de bailarina usada no carnaval da escolinha, a farda azul com manga franzida xadrez do Jardim Escola Girafinha Flor, o vestidinho branco do primário da Escola Doméstica, o vestido do ginásio de mangas compridas assinado por toda a turma de 1991, a farda do Henrique Castriciano do pré-vestibular, a blusa usada no dia da minha viagem de intercâmbio… tantos sentimentos e tantas histórias a serem contadas pelos objetos que se amontoam em uma mala tão pequena!

+ Nos tempos da escola
+ Carta para Luca

Aquilo tudo parecia só ter sentido para mim, até que minha mãe e minha irmã resolveram abrir também a malinha com as coisas do meu sobrinho. Tamanha a emoção que senti ao ver aquelas roupinhas de Felipe, pude entender o quão significativas essas memórias devem ser para elas e para qualquer pessoa que guarde relíquias com inestimável valor sentimental! Ver a fardinha do colégio do boy me trouxe a lembrança de vê-lo chegar em casa cantando a música do “vem cá pezinho, vem cá pezinho” que tinha acabado de aprender na escolinha. Quase 20 anos depois, é como se eu pudesse sentir o cheiro de lavanda Johnson no cabelinho claro dele, saindo todo cheio de confiança para mais um dia no jardim de infância. E, assim como a doce memória que eu tenho do meu sobrinho {que tem quase 22 anos e para mim ainda é um bebê – e ainda bem que ele não lê o blog!}, imagino que as mães sintam algo semelhante ou ainda maior.

+ Cheiro de boas lembranças
+ Capricho de mãe

Mostrei a minha fantasia de bailarina ao meu marido e espero poder mostra à nossa filha, se um dia tivermos uma. Também tirei uma foto da farda de educação física do meu sobrinho pelo celular e mandei para ele, que achou graça e disse que lembrava daquela roupinha. Para vocês mostro fotos, conto histórias, mas não tenho como colocar em palavras a quantidade de amor e do bom sentimento que existe dentro dessas malinhas. Desejo que vocês também tenham uma mala, uma caixa, ou até mesmo uma álbum de fotos, e que cada vez que o abrirem sejam inundados dessa sensação gostosa que as boas lembranças são capazes de trazer.

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