Fazia tempo que eu não folheava uma revista. Todas as informações que considero relevantes acabo encontrando com mais facilidade nos sites e blogs, e como o tempo é curto, quando sobra algum eu prefiro colocar a leitura dos meus livros em dia. Mas dia desses calhou de eu pegar uma revista para ler, e página vai, página vem, me deparei com uma folha inteira dedicada ao “certo e errado” da moda. Na dúvida se realmente tinha visto aquilo, voltei a página para ver se eu não tinha me enganado. E não, não tinha.
É triste pensar que diante de todo esse discurso efusivo de democracia na moda e versatilidade dos estilos ainda precisemos ler o que é certo e o que é errado. Sou do time que defende que cada um deve usar o que gosta, o que o faz sentir-se bem, e mesmo que nem sempre concorde com as escolhas dos outros, bem, nada tenho a ver com isso realmente.
Alguns dos itens da seção na revista diziam que batom vinho e anéis duplos estavam em alta, enquanto batons com nuances de rosa e anéis coloridos eram over. Partindo das regras ditadas pela revista, fiquei cá com meus botões pensando se ao sair na rua me depararia com um exército de robôs usando batom cor de vinho, e – o pior dos meus temores – se seria apedrejada por exibir em meus lábios o queridinho Love Forever {meu batom pink favorito}.
Me soa estranho e contraditório ler e ouvir sobre a tal democracia fashion quando estamos sendo julgados por cada peça fora da tendência. Na humilde ignorância de quem sempre recorre às inspirações de pessoas que realmente entendem do assunto, prefiro usar o meu lado Polyana e observar as variações de quem não está montado nas tendências como uma adaptação ao estilo pessoal de cada um. Julgar alguém simplesmente como “fora de moda” parece uma saída fácil e estúpida de quem não tem um argumento melhor para defender tamanha futilidade.
O mais engraçado dessa situação é que uma revista mostrar uma peça que estava em alta anos atrás e dar dicas de como usá-la hoje é cool, vintage, trendsetter… mas provavelmente se for eu {ou você, anônima querida que lê meu blog} a tirar do armário aquela peça comprada em 2009, provavelmente seremos taxadas de cafonas, desleixadas e outros adjetivos pouco simpáticos.
Diante de tudo isso, gosto de lembrar do tal do bom senso, que por vezes é esquecido até por quem está sempre trabalhado na tendência. E falando mais uma vez nessa dita cuja, devemos recordar que todos os dias a moda nos joga centenas de novas informações, e não temos a menor obrigação de usar algo só porque todo mundo está usando. Vou um pouco mais além: não precisamos tirar nenhuma peça do nosso armário só porque uma revista falou que aquilo é over.
Agora peço licença para encerrar este post aqui no Oxente. Preciso sair, e tenho que procurar o meu batom pink.