Criando filhos gentis: a importância da gentileza na educação

“Que gentilezas ou elogios você fez hoje?”. Quase todas as noites, antes de dormir, me deito ao lado de Luca para saber como foi o dia dele, com quem ele brincou, quais amigos foram para escola, o que ele aprendeu de novo e para quem ele fez gentilezas ou elogios. Essa última parte foi uma ideia que surgiu depois que meu filho me contou que uma das professoras chegou na escola, um belo dia, com o cabelo diferente (alisado com um secador ou chapinha, eu soube depois) e algumas crianças começaram a rir dizendo que o cabelo parecia uma peruca. Não sei se foi a TPM na época, mas esse comentário partiu meu coração. Mesmo sabendo que as crianças fizeram esses comentários totalmente desprovidas de maldade, fiquei triste em saber que alguém um dia saiu de casa se sentindo linda e outras pessoas apontaram o dedo em zombaria. Por mais boba que tenha sido a situação, isso me fez refletir: será que não estamos criando filhos gentis e atenciosos? Onde estamos falhando na educação dos adultos de amanhã? O aperto no coração talvez tenha sido apenas um aviso da minha consciência de que eu precisava fazer ainda melhor a minha parte.

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Criando filhos gentis: o jogo do elogio

Quando Luca me contou sobre o episódio da escola, perguntei se ele tinha sido uma das pessoas que disseram que o cabelo da professora parecia uma peruca. Foi um misto de alívio, felicidade e orgulho quando ele respondeu que não, que ele tinha dito que a professora estava linda (espero do fundo do coração que seja verdade, mas não tive cara para perguntar diretamente a ela). Combinei com ele que, a partir do dia seguinte, ele tinha uma missão: elogiar e ser gentil com pelo menos três pessoas todos os dias.

Para ilustrar a ideia, questionei se ele ficava feliz quando cortava o cabelo e alguém notava e comentava que ele estava bonito, ou quando se arrumava para passear e uma pessoa elogiava. Com a resposta afirmativa, expliquei que todo mundo gostava de ouvir coisas gentis e que bastava ele ele dizer algo bem legal para tornar o dia de alguém mais especial. Parece tão clichê, mas não leva muito tempo para pensar no assunto e perceber que é verdade.

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Por onde andam as palavrinhas mágicas?

Além da falta de elogios e de comentários positivos, tenho sentido muita falta de ouvir as pessoas dizendo as palavrinhas mágicas que aprendemos na infância. “Com licença”, “por favor”, “me desculpe” e “obrigada” parecem expressões cada vez mais ausentes no vocabulário dos jovens – e não vamos nos enganar: a culpa é nossa!

Nossos filhos refletem atitudes que veem nos pais. Eles são verdadeiros espelhos do nosso comportamento, e isso vale para tudo, inclusive para o ar arrogante que você dispara contra o garçom que serve seu jantar, para o agradecimento não verbalizado antes de descer do táxi, para a falta do cumprimento ao entrar em um elevador cheio. Felizmente, para as coisas boas também! Até aquele sorriso tímido que você distribui ou a conversa animada que puxa na fila do supermercado são percebidos pela criança.

Veja só, ideia não é pressionar um adolescente tímido a ser super social, nem julgar como mal-educada a criança que estava distraída ou animada demais para cumprimentar alguém, é simplesmente tornar os bons modos uma coisa natural. Será que é assim tão difícil?

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Tirar vantagem não deve ser tratada como uma coisa natural

Sabe quando alguém faz a coisa certa e você sente vontade de parabenizar a pessoa? Estávamos eu e Luca na fila para comprar um sorvete e duas adolescentes estavam na nossa frente. Quando as duas já estavam recebendo o cupom fiscal, um amigo se aproximou pedindo que elas comprassem o dele também. Na hora, as meninas disseram para ele se juntar a elas (ou seja, furar a fila) e comprar o dele. Percebendo a situação, o garoto agradeceu, mas se afastou. Enquanto eu e Luca esperávamos sair o nosso sorvete, observei o menino no final da fila. Isso me trouxe uma felicidade tão grande que tive vontade de ir até ele e fazer um elogio ou ir até a mesa onde estavam os pais e parabenizá-los por criarem um filho educado. Que loucura querer parabenizar alguém por ter a consciência de fazer o que é certo!

Tirar vantagem em cima de alguém não pode ser tratado como uma coisa natural, por mais boba que seja a circunstância. Quando você fura a fila, está mostrando ao seu filho que não tem problema em fazer todas as outras pessoas que estão atrás de idiotas; quando não devolve o troco que veio a mais, está fazendo alguém pagar – literalmente – pela própria displicência; quando entra na contramão ou dirige pelo acostamento para não enfrentar o trânsito, além de colocar a vida dos demais presentes no carro em risco, está mostrando que tudo bem passar os outros para trás e quebrar leis pensando apenas no benefício próprio.

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Não tem que ser difícil!

Criar filhos gentis não precisa ser uma coisa penosa ou difícil. Educação, gentileza e bons modos devem ser aprendizados naturais para as crianças; no entanto, as atitudes também precisam ser naturais para os pais. E se isso não é natural para você, o que acha da ideia de começar a tentar? O jogo do elogio é um bom começo.

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