Ícone do site Oxente Menina por Ana Lu Fragoso

Qual é a tendência?

Neon é tendência. Candy colors também é tendência. Mas se você quiser usar cores primárias, elas sempre são tendência. Não esqueçam das cores metalizadas, porque elas são tendência. E a tendencinha também está  nas estampas florais, e nas estampas de lenço… Ah, e já ia esquecendo do animal print! Nossa, que pecado, não podemos esquecer essas estampas que nunca deixam de ser tendência.

Se você continua lendo esse post mesmo depois de ler a palavra TENDÊNCIA não-sei-quantas vezes, receba o meu sincero agradecimento, pois eu no seu lugar provavelmente já teria tomado abuso ao ler o título e a frase da imagem.

Somos bombardeados por informações o tempo todo através da TV, blogs, portais, cinema e redes sociais. Essas informações podem ser divididas em três grupos: a informação relevante – que nos leva a pensar, fazer questionamentos e decidir se o elemento principal da informação tem alguma importância em nossa vida; a informação interposta – que traz dados relevantes em meio à outras descartáveis {e aí cabe a nós algum julgamento e bom senso para espremer o que é de fato pertinente}; e a informação residual – aquela que o único questionamento que levanta é o porque de estarmos lendo/vendo/ouvindo aquilo.

Trazendo essas classificações para o fantástico interligado mundo dos blogs de moda e beleza, onde cada um é seu próprio veículo e a comunicação é desenfreada, onde poderíamos encaixar essa questão? A tendência nada mais é do que uma aposta feita por designers e marcas que caiu no gosto das pessoas. Uma tendência não é criada “do nada”, é o resultado de um trabalho previamente realizado cuja consequência foi a comercialização e massificação. Mas como filtrar as informações que chegam até nós e evitar a contaminação pela informação residual? O que antes era restrito aos desfiles e veículos impressos especializados, transformou-se em uma democracia descomedida e confusa para quem não vive no meio ou cujo interesse para entendê-lo é limitado.

“Cada um tem seu próprio julgamento”, alguém vai dizer. E eu não discordo. Já falei outras vezes o quanto sou adepta à democracia e à liberdade fashion, e aplaudo de pé o espaço conquistado pelos veículos pessoais. Sei que muita gente tem esse discernimento na hora de escolher ao que aderir ou a hora de apertar o botão de “next”, mas o problema são as vítimas da moda, aquelas pessoas cujo critério de seleção não vai além da comparação entre a revista que está nas bancas e a do mês anterior. Para elas, o que está nos veículos é uma lei, e se tudo é tendência, se há tanta nova informação do que é tendência, como filtrá-la e/ou adaptá-la? E o que não está mais aparecendo na mídia é para jogar no lixo?

A questão ultrapassa a barreira do mundo fashion, a do estar na moda, e nos leva aos casos comportamentais do consumo sem moderação, na tentativa de estar inserido em um grupo, e à falta de opinião para assumir a própria personalidade na hora de descartar uma opinião incutida. Os resíduos deixados pela informação irrelevante causam um verdadeiro nó na cabeça de quem busca seu lugar ao sol, sem saber que a conquista desse espaço não está condicionada a nenhuma imposição.

No meio desse emaranhado de informações e na facilidade da comunicação precisamos parar um minuto para ponderar sobre qual é a nossa tendência. Seria muito clichê defender que a tendência é assumir a nossa própria personalidade?

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