Ícone do site Oxente Menina por Ana Lu Fragoso

Além dos cinquenta tons de cinza

Leitura virou moda. Não, não, preciso refazer a frase, porque se o conteúdo da primeira frase fosse totalmente verdade, eu teria colocado várias exclamações e o gif de uns ursinhos dançando ao lado. Ler “Cinquenta Tons de Cinza” virou moda, e a tendência se espalhou tão loucamente quanto a necessidade, em 2010, de ter uma Alexa Bag.

A trilogia erótica escrita pela britânica Erika Leonard James virou a maior sensação de fotos postadas no Instagram nos últimos tempos, segundo dados do Instituto Brasileiro da Minha Timeline, e como grande leitora e fã de quase todos os gêneros, o mais coerente seria correr para a primeira livraria e comprar logo os três livros de uma vez para ficar antenada, certo? Quase. Porque o meu lado “do contra” é quase tão intenso quanto a minha avidez pela leitura, por isso decidi – pelo menos até essa febre passar – não ler a fantástica trilogia do Mr. Grey.

Na minha opinião não existe nada de errado em ler esses livros, sou daquelas que incentiva a ler até bula de remédio, a minha consternação é com o simples fato de ter virado uma modinha. Parece que é mais interessante dizer que está lendo o livro do que de fato ler, e mostrar fotos aleatórias de trechos nas redes sociais virou quase um código de conduta intelectual – com a diferença de que não há nada de intelectual nisso, e com a lembrança de que ler Cinquenta Tons de Cinza e sua sequência não faz de ninguém um imortal da Academia Brasileira de Letras.

De acordo com algumas resenhas que li, Cinquenta Tons não difere muito dos contos da revista Nova ou dos livros Bianca, Sabrina, Júlia e afins que são vendidos em bancas de revista desde que me entendo por gente. Então por que todo esse frisson justamente agora? Ah sim, porque esse título, especificamente, está em voga.

Para os não-leitores, que Cinquenta Tons tenha sido um ponto de partida para que vocês tenham descoberto o prazer da leitura e se animem para ler outros {como Line comentou no Instagram, temos que ter esperança!}, e lembrem-se do cafona clichê de que a vida é colorida, e existem outras cores além dos cinquenta tons de cinza. Sim, e outros livros também, claro!

[E eu provavelmente irei ler os três livros, talvez até venha a gostar deles, mas continuo firme na posição de que leitura é hábito, e não modinha.]

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