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5 podcasts brasileiros de true crime para maratonar

Ando completamente viciada em podcasts de true crime! Sempre fui fã de séries e livros policiais e investigativos, e descobri nos podcasts sobre o assunto uma ótima maneira de acompanhar os casos.

Os podcasts de crimes reais aguçam a curiosidade do ouvinte. Ao curso de um episódio, o narrador consegue contar a história de uma maneira muito envolvente, prendendo totalmente a atenção de quem está do outro lado. Claro que todo esse envolvimento depende de quem conta e de como a história é contada! Não por acaso, restringi a lista a apenas 5 podcasts que considero os melhores do Brasil (spoiler alert: todos comandados por mulheres).

E apesar de sabermos que algo de muito ruim aconteceu para uma história de crime real estar sendo contada, bate aquela expectativa para saber a motivação, se havia outros envolvidos, se os criminosos foram punidos… Em alguns, mesmo sabendo o desfecho, a gente até torce para que o final não seja aquele que a gente conhece.

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5 melhores podcasts brasileiros de true crime

De modo geral, os episódios duram entre 15 minutos e 1h20. Mais uma vez, depende das informações do caso e da maneira que o podcaster relata.

Cada podcast tem sua personalidade. Ainda que seja a mesma história sendo contada (sim, é comum você ouvir o mesmo caso em canais diferentes), cada locutor imprime um jeitinho peculiar de conduzir o roteiro, e é isso que faz toda a diferença. Tem até uns bem famosos que não entraram na lista, o que não significa que não sejam bons. Apenas não me identifico tanto, sabe?

Bem, mas aqui estamos falando daqueles que eu considero os melhores e que vale (muito!) a pena maratonar. Veja a seguir quais são os meus 5 podcasts brasileiros de true crime favoritos. (Lista em ordem alfabética)

Café Com Crime

De uma maneira que mistura humor ácido e uma pitada de deboche nos comentários (mas sem fazer piadinhas com as vítimas, coisa que acho essencial para um bom podcast), a Dona Café – ou melhor, Stefanie Zorub – tem um jeito bem carismático de contar os crimes brasileiros mais marcantes.

Com um roteiro coerente e dinâmico, o Café Com Crime foi criado pela jornalista em 2018, mas ficou cerca de dois anos parado e retornou em 2020, para nossa alegria. Semanalmente, às quartas, novos episódios são lançados e disponibilizados para os “crimizeiros”.

Gostei muito de ouvir o episódio 045 – A Tragédia do Baldo, por se passar em Natal. Algumas semanas atrás fui à Natal rapidamente para resolver uma questão e passei exatamente pelo Baldo. Na hora lembrei da Dona Café contando sobre essa tragédia e imaginei, vendo o local de perto, o quão desesperador deve ter sido para todos na época.

Bloco Puxa-Saco levando os foliões pelas ruas de Natal. O Café com Crime conta a história sobre a tragédia do carnaval potiguar de 1984 no 45º episódio | Foto: Todo Natalense

Café Crime e Chocolate

“Esse é o Café Crime e Chocolate, ou seja, coisas que viciam”. E assim começa cada episódio do podcast comandado por Tatiana Daignault. Jornalista por formação e atuante na área de hotelaria durante a maior parte da vida profissional, Tati, que é filha de advogado e policial, sempre quis ser investigadora. O sonho foi adiado por um tempo, mas, alguns anos atrás, ela investiu nos estudos para se tornar detetive particular na Flórida, onde reside desde 2007.

Dois anos depois desse pontapé inicial para a almejada carreira, em 2020 ela uniu seu talento para contar histórias ao fascinante mundo da investigação e nasceu o Café Crime e Chocolate: “Eu adoro contar histórias e precisava de alguém para ouvir sobre os crimes. Como em casa ninguém queria ouvir, criei o podcast”. Sorte a nossa!

O CCC foi o primeiro podcast brasileiro de crimes reais que ouvi e virei fã por causa da forma aprofundada com que ela conta cada caso, buscando informações detalhadas em processos, inquéritos, mandados e outros documentos oficiais. Já a parte juridicamente menos relevante, mas que ajuda a criar o contexto da história, ela recorre aos artigos divulgados na mídia ou, em alguns casos, entrevistando pessoas envolvidas.

 A pequena Lauren Wright e as duas residências vizinhas onde a família morava | Imagens: Café Crime e Chocolate

Como detetive particular, Tatiana também tem acesso a técnicas mais avançadas de pesquisa, o que só enriquece o conteúdo publicado e torna o Café Crime e Chocolate único. Vale destacar também que o foco do episódio é sempre a vítima, e não o assassino: “Me traz uma sensação boa poder dar voz a quem já não está mais aqui para contar”, afirma.

Segundo Tatiana, o episódio que mais mexeu com ela foi o Assassinato de Nancy e Joey Bochicchio. Para mim, nenhum outro me tocou tanto quanto o Assassinato de Lauren Wright (ouçam com um lencinho em mãos). No site oficial do CCC são divulgadas fotos para ilustrar cada episódio, e quem quiser se tornar um assinante é só clicar em Apoiar o Podcast.

Ah, e além do CCC, Tati está com outro programa maravilhoso chamado Ponto Final Podcast, que reúne turismo, crimes e mistérios em um passeio pela Rota 66. Ouçam e depois voltem aqui para me agradecer pela indicação.

Casos Reais

O Casos Reais eu conheci há bem pouco tempo e já garantiu um lugar na lista. É que a jornalista Érika Miranda conta os casos de um modo tão dinâmico que o podcast acabou virando um dos meus preferidos! O trabalho na área de investigação criminal começou em 2020 quando ela tomou à frente o canal do YouTube de uma página de true crime já renomada no Twitter. Começando do zero no YouTube, mas por trás do nome já conhecido da página, em pouco tempo a jornalista conseguiu fazer o canal crescer e monetizar. O sucesso aparentemente incomodou, e as fundadoras preferiram não levar o projeto dos vídeos adiante.

Nesse período, Érika já tinha muito material editado e salvo, e foi aproveitando esse conteúdo que resolveu criar o Casos Reais, só que no formato apenas de áudio. Com o apoio de uma amiga também jornalista na parte da pesquisa, é ela quem fica encarregada de pesquisar, montar o roteiro, gravar, editar e divulgar. A escolha dos episódios parte de dois princípios: os que chamam mais a atenção da podcaster e aqueles que ela percebe que pode fazer algo para ajudar. Muitos também chegam por indicação dos ouvintes.

A figura esquálida de Sophie, depois de ser torturada física e psicologicamente, chocou o mundo.

Para Érika, o caso mais marcante foi o da francesa Sophie Lionnet, que trabalhava como au pair (um programa de intercâmbio em que a participante trabalha como babá): “Me dava enjoo e agonia na hora da pesquisa. Não é um caso muito conhecido, e assim que descobri fiquei horrorizada como essa história pode ser tão negligenciada”, conta Érika. Esse de Lionnet e “As garotas desaparecidas no Panamá” são meus favoritos até agora.

Para ter acesso a histórias exclusivas, apoie o Casos Reais no Only Fans.

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Fábrica de Crimes

O carisma e a seriedade com que as advogadas Mari e Rob (que não atuam com direito penal, como elas deixam bem claro no site) contam os casos no Fábrica de Crimes foi uma das coisas que me fez virar operária desse podcast. “Operários”, aliás, é a maneira carinhosa que as meninas usam para se referir aos ouvintes do canal.

O Fábrica tem apenas dois anos de vida, o primeiro episódio foi lançado em 31 de outubro de 2019, mas já é um dos favoritos dos true crime lovers do Brasil. E isso não é baseado em vozes da minha cabeça, viu? Em todos os grupos de crimes reais que participo, o Fábrica de Crimes sempre é indicado. Casos brasileiros e estrangeiros são relatados no canal, que lança episódios novos todos os dias 1 e 15 do mês.

Um dos que mais curti foi “Amber Hagerman – O Crime que Salvou Vidas”, por poder conhecer a história por trás do “Amber Alert”, a notificação que chega nos celulares e letreiros digitais das rodovias norte-americanas sempre que uma criança é sequestrada. Além da narração e dos comentários claros de Rob e Mari, alguns episódios ainda contam com a participação de especialistas para esclarecer questões mais aprofundadas.

A opinião das duas é unânime na hora de escolher o caso mais marcante: “Junko Furuta – O Triste Caso de Uma Menina”, a história da japonesa que passou 44 dias em cativeiro e foi cruelmente molestada. “Ficamos mal de verdade e paramos várias vezes a gravação por conta de toda a brutalidade que a vítima sofreu”, as meninas comentam.

De tão atroz, as fotos disponíveis na internet sobre essa história são perturbadoras, por isso decidi colocar foto de Junko e da casa onde ela ficou mantida em cativeiro. Recomendo que ouçam o episódio, mas buscar fotos sobre o caso fica por conta e risco de vocês.

A casa onde a jovem japonesa Junko Furuta ficou mantida em cativeiro por 44 dias.

Sem Rastros

Fechando a seleção dos podcasts brasileiros de true crime que valem a pena maratonar, o Sem Rastros é o bebê da lista. Criado em março deste ano de 2021 por Luciana Piffer, o canal segue um estilo um pouco diferente, focando nos casos de pessoas desaparecidas.

Ela conta que sempre curtiu histórias de crimes reais, mas só passou a ouvir com mais afinco durante a pandemia. Nova ouvinte de podcasts, porém assídua, Luciana encontrou uma brecha para um subnicho: “Comecei a perceber que meu interesse era quase exclusivo de histórias de pessoas desaparecidas e que não tinha um podcast focado nisso no Brasil. Depois de muito pensar e desistir, meu marido me deu um microfone de natal e disse: agora não tem desculpas, começa!”.

Eventualmente alguns episódios trazem desfechos, como a confirmação de assassinato e/ou corpo encontrado, mas a maioria segue a intrigante linha de pessoas que simplesmente sumiram do mapa e nunca mais foram vistas. “Acho que desaparecimento me interessa mais pelo mistério. Ninguém pode simplesmente desaparecer, algo tem que ter acontecido. O fato de que existem casos em que não é possível achar o corpo, ou o acontecimento em si, me deixa encucada”, completa Luciana.

O carro de Bryce Laspisa foi encontrado, mas sem vestígios de um acidente sério que pudesse ter vitimado o jovem. Bryce nunca foi encontrado.

Uma dessas histórias misteriosas é a de Bryce Laspisa. O jovem saiu da cidade de Chico, na Califórnia, em direção a Laguna Niguel, também na Califórnia, onde seus pais moravam. Uma viagem que duraria aproximadamente oito horas nunca chegou ao fim. Com várias paradas na estrada, e em contatos esporádicos com a mãe por telefone, Bryce chegou a ficar horas sentado na calçada em uma cidade qualquer no meio do caminho.

Depois de ser ajudado por um rapaz da seguradora que tinha prestado assistência com o veículo, e até pela Polícia Rodoviária, para que ele chegasse à rodovia e pudesse seguir em direção à casa dos pais, Bryce não foi mais visto. O carro foi encontrado, mas sem vestígios de sangue que pudessem confirmar um acidente sério ou suicídio. A história completa é de perder o fôlego e as interrogações em cima da nossa cabeça são inevitáveis.

Como ouvir podcasts

Os episódios de podcast podem ser ouvidos nas mesmas plataformas que você usa para ouvir música, como Spotify, Amazon Music, Deezer e Google Podcasts, que são algumas das mais populares. Eu ouço pelo Amazon Prime, aproveitando a mesma assinatura que também dá frete grátis nas compras da Amazon.

Deixei a dica dos podcasts de true crime e saí correndo, porque, se você ainda não for viciado como eu, quando começar não vai mais conseguir parar de ouvir.

Depois me contem se vocês já conheciam esses podcasts ou se passaram a ouvir após as indicações. E se quiserem bater papo sobre o assunto, me chamem no Instagram @oxentemenina, combinado?

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