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Meu filho é melhor que o seu!

Passear com Luca não é apenas um momento de lazer para mim, é uma chance de ensinar a ele a tratar bem as pessoas, a ser simpático, a socializar. Custo a compreender aquelas mães que fazem cara de limão quando alguém se aproxima de sua cria para conversar, brincar, ou simplesmente trocar um sorriso com a criança.

Meu filho é melhor que o seu!

Ao contrário dessas mães que se afastam, seja por medo da minha cara de sequestradora ou por pura antipatia, sempre que vejo uma criança próxima da gente incentivo Luca a conversar dizendo algo do tipo: “Oi amiguinho/nenê/menininha, tudo bem?”. Um desses contatos se transformou numa competição acirrada que eu não percebi que estava disputando.

Olha, filho, o nenê! Diga “Oi amiguinho, tudo bem?” – Falei com empolgação ao ver um menininho, aparentando a idade de Luca, que estava na companhia de sua mãe numa loja de shopping.
Ele fala alguma coisa? – Perguntou surpresa a mãe do novo amigo de Luca.
Fala, esse aqui é um papagaiozinho. E ele? – Respondi rindo e apontando para a criança que inocentemente brincava com o carrinho que meu filho insistia em não ficar sentado.

Com um ar bem desapontado ela respondeu que o filho tinha 1 ano e 2 meses e não dizia nada além de “mamãe”, “papai” e “au au”, e perguntou com quanto tempo Luca tinha começado a falar.

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Crianças não precisam de comparação, precisam de interação

Talvez se sentindo intimidada com o que para ela aparentava ser uma genialidade suprema do meu filho, rebateu com outra carta na manga do jogo do Quem Sabe Mais:

– E com quanto tempo ele andou?
– Pra valer mesmo só andou com 1 ano e um mês. Antes ficava em pé, se equilibrava sozinho, dava um passinho e caía. Tinha preguiça! – Falei aos risos.

Rá! Nesse momento a mãe-do-amiguinho colocou a mão na cintura e respondeu com ar de triunfo, revelando pela primeira vez um sorriso:

– Ele andou com 11 meses!

Foi só aí que caí na real e me dei conta de que tinha entrado sem querer no jogo que mais abomino na maternidade: a comparação de filhos.

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Cada um com suas conquistas

Honestamente não me interessa se uma criança andou com 8 meses e o meu filho só andou depois de completar um ano; não me importo se ele não é campeão de natação; se ele ainda não tem 20 dentes na boca; nem dou a mínima se o nível de inglês dele não é super-ultra-hiper avançado como o do seu filho. Não estou competindo, não quero contar vantagem – nem ouvir. Meu filho não é um jogo, nem um objeto no qual eu possa projetar minhas frustrações e tentar alcançar através dele as coisas que não consegui realizar na minha própria vida.

Cada criança tem um ritmo de desenvolvimento diferente da outra, e ficar fazendo comparações e forçando a barra para que a criança alcance os objetivos desejados pelos pais pode acabar gerando, futuramente, um bloqueio. Atender expectativas geradas pelos outros é um distúrbio psicológico que pode vir a causar problemas na fase adulta, e os pais não conseguem entender que essas projeções feitas quando a criança ainda é pequena pode, lá na frente, atrapalhar um bocado.

Para os pais e mães que curtem essas competições {embora eles não admitam}, da próxima vez que algum tipo de analogia passar pela sua cabeça, olhe pro seu filho e veja a perfeição que ele é. E simplesmente deixe o tempo agir.

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