Ícone do site Oxente Menina por Ana Lu Fragoso

Ainda sobre parcerias…

Um dos posts mais lidos do blog é o post sobre parcerias entre os blogs e empresas. O assunto parece não se esgotar nunca, porque além das discussões que vejo sempre no Twitter, ainda recebo vários e-mails com perguntas. Levando esses fatos em consideração, escrevo mais um post complementando o que já foi escrito anteriormente, lembrando que tudo tem o seu lado e que eu não sou a dona da verdade, portanto, que fique aqui registrado: salvo o que estiver indicado como sendo citações de terceiros, o que está escrito aqui reflete o meu ponto de vista, ora sob a análise como blogueira, ora compreendendo o lado das empresas.

Sinta-se à vontade para deixar sua opinião, relatos de experiências sobre o assunto ou perguntas nos comentários. Caso eu não saiba responder, conto com a ajuda das blogueiras amigas.

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O prazer é todo seu!

Imagina ser apresentado à uma pessoa e ao cumprimentá-la com um sonoro e animado “Muito prazer” receber de volta uma revirada de olhos e um “O prazer é todo seu!”. É de ficar com a cara no chão, né? Esta é a sensação que eu tenho ao receber certas propostas.

Veja bem: cada empresa tem uma forma de trabalhar, dentro das suas possibilidades, mas cabe a nós o bom senso de aceitar ou não propostas de parceria absurdas. Algumas chegam a ser uma ofensa a todo o trabalho que realizamos nos blogs, e, o que é pior, a maneira com que somos abordados é tão cheia de menosprezo que parece até que estão fazendo um grande favor em nos contatar.

Para ilustrar o parágrafo anterior e mostrar que não é exagero meu, copio na íntegra uma troca de e-mails com uma empresa propondo uma parceria. Por questões éticas, o nome da companhia foi substituído por YYYY:

“Olá, Ana Lu! Boa tarde! Meu nome é XXXX, responsável pela área de mídia social da YYYY, tudo bem? Estou entrando em contato com você a respeito de uma possível parceria. Seu blog é lindo, organizado, bem bacana, parabéns! Ele atende exatamente o perfil de blogs que buscamos. Portanto, segue abaixo uma proposta de parceria para você analisar. 1) Ser seguidora do seu blog e seguir o nosso blog também; 2) Visitar o blog da YYYY e comentar no post da enquete, para concorrer aos produtos da empresa; 3) O blog irá ganhar dois produtos da marca. Sendo um deles para ser colocado no post, e o outro para realização de sorteio entre seus seguidores; 4) Ter um link (banner) para o blog da YYYY no seu blog”.

Com tantas regras, achei que tivesse entendido errado, e repliquei ao e-mail: “Olá, XXXX! Agradeço o seu contato e elogios. Só para esclarecer algumas dúvidas: eu teria que oferecer um banner (por quanto tempo?), seguir seu blog, comentar em posts, fazer um post para divulgar um sorteio e bancar o frete para a ganhadora? E em troca disso eu receberia produto da marca?”.

E veio a resposta: “Obrigada por retornar. Bom, vamos às dúvidas! 1) Banner: deixar até o dia do resultado do sorteio. Muitas deixam por 3 meses, após o sorteio, para ter visibilidade. Este prazo, além do solicitado, fica aberto à blogueira. 2) Seguir o blog é uma das regras para a participante. Com isso, linkamos o seu blog ao nosso; 3) Comentar o post é uma forma de mensurarmos a participação das seguidoras vindas dos blogs parceiros. Faz parte de uma das regras, e é para ser feita somente uma vez; 4) Você faria o post no seu blog justamente para divulgar o sorteio com o nosso produto, e se testá-los, colocar a resenha. 5) O produto é um kit completo (5 produtos); 6) Se achar que fica inviável pagar o frete, nos avise, que fechamos a melhor forma. Espero ter sanado suas dúvidas”. Sim, as minhas dúvidas foram sanadas, mas eu tenho outra pergunta: prefere suco de laranja ou achocolatado no café da manhã?

Claro que não mandei essa pergunta atrevida, apenas agradeci o contato e disse que esse tipo de proposta, no momento, não era interessante para o blog. Mas ainda recebi mais um e-mail deles: “Já fechamos parcerias com mais de 200 blogueiras e sempre foi muito produtivo para ambas as partes, mas entendo sua posição. Obrigada pelo retorno, abraços e boa sorte com seu blog!”. Pelo menos ela foi simpática {não estou sendo irônica, ela foi mesmo!}, e quanto às 200 blogueiras que fecharam a parceria… bem, um abraço!

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O que tenho vontade de fazer com esse tipo de proposta
Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa

Não culpemos só as empresas. Se elas oferecem essas propostas sem-noção, é porque tem gente que as aceita. Quem sou eu para dizer o que uma blogueira deve ou não fazer com seu blog? Se houvesse um roteiro para isso e todo mundo fizesse a mesma coisa, a blogosfera seria um tédio, não é verdade? E analisando friamente a questão, se as empresas enxergam essa brecha de divulgação a custo quase zero, porque elas não haveriam de tentar? Não que eu concorde com isso, mas se elas tem a chance de jogar verde e colher maduro, não posso culpá-las.

Muita gente talvez aceite essas barbaridades simplesmente por não saber como proceder, ou por ter um blog novo e ficar feliz com a possibilidade da primeira parceria. Algumas vão mais longe e criam um blog apenas para ganhar presentinhos. Já cheguei a receber um e-mail em que a pessoa dizia abertamente que gostaria de fazer um blog para conseguir brindes, e uma outra que pedia que eu indicasse algumas empresas para que ela pudesse entrar em contato. Ai, gente!

Você sabe com quem está falando?

Tem ainda aquela blogueira que quer ser Camila Coutinho e conquistar o mundo com duas semanas de blog, e bombardeia as empresas pedindo produtos para resenha, se achando no direito de serem atendidas na hora em que elas querem.

O que essas pessoas não entendem é que companhias que fazem trabalhos sérios junto aos blogs não cedem produtos num estalar de dedos. O ponto primordial por parte da empresa é a análise de conteúdo, conforme explica Fernanda Siepierski, responsável pelo atendimento da Lime Crime no Brasil: “Às vezes chegamos a receber 50 e-mails por dia solicitando parceria, e é impossível para a empresa atender a todos esse pedidos, por isso entramos em todos os blogs para analisar o conteúdo”, e complementa “Algumas vezes recebemos e-mails mal-educados, exigindo produtos grátis, e outros de pessoas que nunca falaram de maquiagem em seus blogs, mas ainda assim querem receber produtos da marca. E se você acabou de criar um blog, ou vai criar um blog na próxima semana, é bem legal, mas ainda assim não temos conteúdo para análise e, portanto, não podemos enviar produtos. É chato quando as pessoas ficam ofendidas com uma negativa, mas não temos como atender a todas as solicitações”.

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Medalhas e condecorações

Uma empresa lhe mandou um vidro de esmalte, outra uma amostra de shampoo e outra uma pinça, e lá está o banner de cada uma delas exposto no seu blog sob as luzes brilhantes de parceiros. Oh!

Banners de empresas parceiras não são como estrelinhas que você ganhava no caderno por cada página de caligrafia bem feita. “Parece uma corrida maluca, em que o blog que tem a maior quantidade de banner é o melhor”, ironiza Carlinha Salgueiro, do blog Eu Acredito em Cosméticos. A dica é uma só: valorize o seu espaço!

Kuen, kuen, kuen…

Citando outro caso de empresa, Carla ainda exemplifica uma situação com uma marca que ela estimava, e passou a desgostar: “A marca de maquiagem tinha tudo para estar em alta conta comigo, tanto pela qualidade dos produtos como pela proposta. Tanto é que mereceu nota no blog, independente de contato ou brinde. Daí que, tentando estreitar o contato com as blogueiras e iniciar um trabalho nas mídias sociais, a marca começou a mandar e-mails perguntando quem queria parceria e, pasme, oferecia desconto de 10% para quem fizesse post sobre eles”. Antes tivessem continuado com a mídia espontânea, não? Talvez surtisse muito mais efeito.

Apesar do longo post, poderíamos discorrer sobre o assunto por páginas e páginas. Os casos citados são apenas alguns exemplos do que acontece nessa disputa acirrada por parcerias após o boom dos blogs. Não é o objetivo do post assustar ninguém, sejam os autores de blogs ou empresas que enxergam o potencial desse tipo de mídia. A receita para o bom andamento das parcerias não tem mistério: é realização de um bom e consistente trabalho e uma ação justa que beneficie ambas as partes.

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