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Blogs e empresas: DR eterna!

“Gostaríamos de lhe enviar alguns produtos para testar”. Tem gente que sonha em ler essas palavras em um e-mail proveniente de alguma empresa, principalmente novas blogueiras, vorazes por realizar parcerias em seus blogs. Há alguns meses publiquei aqui no Oxente, Menina! o post Parcerias nos blogs de moda e beleza, cujo assunto creio que esteja bem claro no título. Recomendo a leitura dele para entender melhor o conteúdo dos parágrafos seguintes, pois é dele o embasamento para o post que você está lendo neste momento para falar sobre o relacionamento entre blogs e empresas.

Muito tem sido discutido, mas pouco tem sido feito para solucioná-los. Parte desse problema se deve ao fato de as empresas ainda não levarem os blogs a sério. Isso não é de todo incompreensível, afinal de contas nem mesmo as agências de publicidade e assessorias de comunicação se abriram completamente para esta mídia, e estas, em alguns casos, tem o poder de orientar as empresas os meios para o quais seus recursos podem ser direcionados.

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Claro que toda regra tem a sua exceção, e conforme tinha sido comentado no outro post, algumas empresas nacionais já incluem blogs em seus orçamentos de marketing e conseguem realizar um trabalho excelente nessas parcerias. Ainda assim, o potencial enxergado está longe de ser semelhante ao que as empresas de fora enxergam nos blogs conterrâneos.

Neste post irei citar exemplos positivos e negativos dessa relação entre blogs e empresas, e todos eles são verídicos. Para as situações negativas, por questões éticas, optei por preservar os nomes das empresas, indicando apenas as letras iniciais.

Valorização do trabalho do blogueiro

Recentemente a Forever 21, em parceria com o artista Danny Roberts, criou uma coleção de camisetas inspiradas em blogueiras. Louise Ebel, Geri Hirsch e Alice Point foram algumas das blogueiras que receberam a honra de terem suas ilustrações estampadas nas camisetas da marca. A Forever 21 reconheceu o alcance que os blogs tem e conseguiu transformar isso em uma parceria ganha-ganha. O sucesso da linha foi absoluto!

Reconhecimento que vem de fora

É uma grande ironia, mas as empresas de fora dão mais valor às blogueiras brasileiras do que as nacionais. Algumas postagens atrás, mostrei aqui uma caixa de produtos da Too Faced que recebi, e muita gente me perguntou o que eu fiz para ganhar esse presentão.

Um tempo atrás eu tinha enviado um e-mail para eles perguntando se podiam me indicar lojas que revendessem os produtos da marca aqui no país, pois eu já conhecia a Too Faced e sempre gostei muito dos produtos. Eles então me responderam falando das medidas de expansão da marca, que incluíam o Brasil, e pediram recomendações de lojas virtuais em terras tupiniquins. Meu único trabalho foi indicar algumas lojas e agradecer a atenção deles. Fiquei surpresa quando recebi outro e-mail solicitando meu endereço para que pudessem me enviar alguns produtos para testar, e mais ainda quando recebi a caixa cheia de presentes.

Empresa nota “DES” – DEScaso, DESrespeito, DESprezo

“Boa sorte com o seu blog!” Com toda a ironia possível, foi essa frase que Nayara Leandro, do Chat Feminino foi obrigada a ler em sua caixa de e-mail após recusar uma oferta de parceria com a empresa C. de cosméticos.

A proposta inicialmente parecia interessante: C. disponibilizaria dois produtos à escolha da blogueira, um para que fosse sorteado no blog e outro para que fosse feita uma avaliação, e pedia que a lista de e-mails das participantes do sorteio fosse enviada para a empresa. Até aí tudo normal, ainda que a lista de exigências sobre os quesitos para a resenha a serem seguidos fosse uma solicitação inusitada. Nary até se animou e confirmou seu interesse na parceria por e-mail, e então veio a bomba: além de bancar o frete para a vencedora, a blogger ainda teria que bancar o frete da empresa até sua casa. “Me senti como se estivesse fazendo um favor para a marca, lembrando que eu iria divulgar a marca deles, praticamente sem custos. Eles apenas iriam enviar dois produtos e eu faria propaganda. Já estava pensando até em fazer tutoriais de maquiagem com as sombras. Fiquei indignada com a falta de noção do pessoal do marketing da empresa”, desabafa.

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Caça ao cliente

É normal para quem tem blog de moda e beleza chegar numa loja e tirar fotos para divulgar no seu espaço da web. As empresas deveriam se sentir lisonjeadas, afinal de contas terão seus produtos expostos nos veículos com custo zero. Contudo, a loja de departamento R. não pensa dessa forma. Infelizmente!

Há algumas semanas, Dani Oliveira, do blog Eu Não Sou Modelo, sofreu uma verdadeira caça dentro da loja. Ao se deparar com as peças de roupa que buscava, resolveu fotografá-las, sem saber que tal ato era contra a política da empresa. Informada pela segurança sobre a infração do ato, guardou a câmera e ainda assim continuou sendo seguida pelos corredores pela funcionária – até mesmo ao provador! “Ela ficava o tempo todo passando para ver se me pegava tirando as fotos”, conta Dani.

Não sendo o bastante, a blogueira ainda foi abordada ao sair do provador, já com a sua câmera guardada na bolsa, e um caderninho em mãos, sob o argumento de que era proibido anotar os valores na loja. “Eu simplesmente disse: ‘Decorar eu posso?’ e saí de lá.”

Quando o silêncio é pior do que o “não”

Desde maio, eu e Line, do Papo Nada Cabeça, estávamos em contato com algumas empresas na expectativa de firmar parcerias para o encontro que aconteceu no início de julho. Nossa ação, na hora de estabelecer esse contato, partiu de uma premissa muito simples: contatar empresas que oferecem produtos que nós gostamos de usar. Não à toa, as sacolinhas que as participantes receberam estavam recheadas com produtos da Empório Body Store, Manoella, Mohda, Akakia e Océane Femme, empresas que não apenas doaram brindes, mas acreditaram no poder dos blogs e na força da parceria.

Nos preparamos desde o princípio para receber uma resposta negativa de alguma companhia, o que não seria o fim do mundo. Algumas estabelecem cotas de participação em eventos ou parcerias com blogs, e outras simplesmente não tem interesse, e nós compreendemos isso. O que algumas empresas estão teimando em ignorar é o fato de que além de blogueiras, somos clientes, consumidoras em potencial. Ainda assim, certas empresas sequer se deram ao trabalho de nos oferecer uma resposta, independente de ser a que estávamos esperando.

Outras conseguiram ir além da negativa na questão do descaso. Responderam e-mails, firmaram a parceria, e na hora de enviar os produtos simplesmente sumiram e passaram a ignorar as mensagens posteriores. Como foi o caso da empresa de cosméticos T. Inicialmente a pessoa de contato mostrou-se extremamente solícita e disposta a ajudar, depois evaporou… provavelmente junto com a caixa que prometeram enviar.

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Morto. Vivo. Morto. Vivo

Com a empresa K. foi diferente. Forneceram e-mail de contato através do Twitter, responderam por DM a confirmação de que haviam recebido o e-mail sobre a parceria para o evento (enviado mais de um mês antes) – e quase me fizeram nutrir uma inexplicável simpatia por eles, mesmo sem receber uma resposta afirmativa sobre a participação no evento. A simpatia morgou quando as semanas foram passando sem resposta, até que, exatamente um dia antes do evento, chega o seguinte e-mail: “Nessa altura acho que perdemos a oportunidade (para o encontro), porque já estamos no início de julho, não é mesmo? Que pena.”

Na boa, posso estar 100% enganada, mas não consegui sentir sinceridade nessa lamentação. Na minha opinião, teria sido mais fácil para eles responderem dizendo que não tinham interesse, mas enviar um e-mail às vésperas lamentando não terem respondido antes foi terrível. Alguém se prontifica a dar uma consultoria à K. e orientá-los sobre como manter um departamento de marketing organizado?

Meu desabafo

Honestamente, não entendo a política dessas empresas que optam por ignorar as blogueiras (clientes, acima de tudo) ou colocar empecilhos sem fundamento na hora em que estamos fazendo nosso trabalho. Como se não tivéssemos mais nada a fazer além de perder tempo tentando “ganhar presentinhos” ou tentar tirar algum tipo de vantagem em cima delas.

Não posso falar por todas as blogueiras, mas eu levo o meu blog muito a sério. E mesmo tendo um trabalho fixo que consome mais de 1/3 do meu dia, dois trabalhos freelancer, e a ocupação de esposa e dona de casa, tento me dedicar ao blog com a mesma perfeição com que me dedico a todas as tarefas que me são confiadas. Chega a ser um insulto, comigo e com todas as blogueiras que se preocupam em fazer um bom trabalho em seus veículos, nos depararmos com circunstâncias negativas como as que foram apresentadas aqui.

Sei que não irei mudar o mundo com esse post, mas sei também que muita gente concorda com o que foi exposto aqui. Resta-nos torcer para que a mentalidade dessas empresas comece a mudar, e continuarmos fazendo o nosso trabalho da melhor forma, com ou sem apoio. A nossa parte já estamos fazendo…

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