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Assessorias e influenciadores: como criar um relacionamento de sucesso

Se você caiu neste post esperando uma dica infalível para conseguir entrar no mailing super seleto das assessorias de imprensa e ganhar presentes o suficiente para rechear o seu canal do YouTube com vídeos de recebidos durante um mês inteiro, pode dar meia volta. Antes de querer ditar regras (que eu mesma desconheço), minha intenção passa longe de mostrar o caminho dos tijolinhos amarelos. Meu intuito é apenas tentar entender a melhor forma de comunicação e interação entre assessorias e influenciadores.

Essa reflexão surgiu de alguns comentários em grupos de jornalistas e influenciadores dos quais participo e tentei analisar a questão tanto sob a perspectiva de criadora de conteúdo como de assessor de imprensa, lado que também já estive (na minha época de trabalho de assessoria ainda não havia os blogueiros, youtubers e instagramers. Os influenciadores daquela época, início dos anos 2000, eram os colunistas sociais dos jornais).

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Sugestão de pauta não é publieditorial

Você pode estar no mailing de uma assessoria de imprensa e a partir daí conseguir estreitar os laços com a empresa até conseguir um publieditorial, mas os releases que você recebe não são um convite a uma parceria paga. O trabalho do assessor de imprensa, de forma bem resumida (e não restrita a isso), é o de produzir conteúdo sobre seu cliente e tentar emplacar essas notícias nos veículos de comunicação.

Esse material que o jornalista produz e envia para a sua caixa de entrada é uma sugestão de pauta. Você, como criador de conteúdo, pode aproveitar o texto na íntegra, apenas as partes que julgar mais importantes ou pegar a ideia e escrever o seu próprio conteúdo  – que é o mais recomendado, tanto sob o ponto de vista jornalístico como ético. O que você não pode é responder à sugestão de pauta do assessor enviando o seu mídia kit e dizendo que só publica se ele pagar um valor X.

Mas e a valorização do meu trabalho como produtor de conteúdo, como fica?

Ninguém está dizendo que você deve trabalhar de graça! O que você precisa entender é que o material com sugestão de pauta é apenas o trabalho do assessor, que está se esforçando para produzir um bom conteúdo e gerar mídia espontânea para o cliente. Não adianta bater boca com o profissional e exigir pagamento, porque o assessor sequer tem autonomia para decidir isso (a menos que a função seja atrelada ao de relações públicas ou marketing, mas aí já é outro caso).

Se você não quer escrever um post no seu blog falando apenas daquela empresa informada no release por não achar justo divulgar a marca e não ter nada em troca, tudo bem. Mas antes de pegar birra com uma empresa ou assessoria, veja alguns exemplos de como se beneficiar do trabalho do assessor de comunicação:

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Como influencer, como posso me apresentar para uma assessoria?

Por volta de 2011, 2012, esse trabalho era bem mais simples. Conseguir o contato das assessorias era mais fácil, e, através da clipagem, os profissionais da comunicação também chegavam mais facilmente aos blogs que postavam sobre a marca. Hoje, com a quantidade de blogs, instablogs e canais em plataformas de vídeo, é quase impossível para uma assessoria conseguir acompanhar ou mesmo saber da existência de todo mundo. Não existe uma fórmula mágica para entrar num mailing e conseguir jabá, mas existe uma forma simples de fazer o contato inicial: se apresentando.

Em vez de enviar um mídia kit contendo os valores dos seus posts, envie um e-mail falando sobre você, seu veículo e temas abordados. Se já tiver números para apresentar, coloque-os na mensagem também. Para mim o que sempre funcionou foi a boa e velha mensagem: “Boa tarde. Me chamo Ana Luiza, sou jornalista e autora do www.oxentemenina.com. No blog falo sobre [aqui coloco o assunto referente ao nicho da empresa] e variedades, e gostaria de fazer parte do mailing da marca, se possível. Peço a gentileza de enviar e-mails com sugestões de pauta para [meu e-mail]”. Pronto! O primeiro passo foi dado.

Existem empresas e empresas, assessorias e assessorias. Através desse tipo de contato já consegui criar um relacionamento e fazer publieditoriais, outras marcas me enviam press kits, outras só enviam e-mails com sugestões de pautas, e outras, ainda, já me deram respostas malcriadas do tipo “Não estamos fazendo parcerias” (mesmo sem eu sequer ter mencionado parceria. Acho que algumas empresas também precisam entender as diferenças explicadas neste post!). Como a empresa vai responder – e se vai responder – não temos como prever, mas se você não tomar a iniciativa, nunca vai saber. 

Só recebo produtos, quero dinheiro!

É verdade que hidratantes, batons, brinquedos, fraldas e comida não pagam as contas. O press kit, no entanto, não é uma premissa e nem uma promessa de parceria paga, é apenas uma forma de a empresa fazer os formadores de opinião conhecerem seus produtos. Da mesma forma que as sugestões de pautas são enviadas para fazer o blogueiro tomar conhecimento da notícia, os press kits são enviados para que a pessoa possa conhecer e testar o material.

Você não tem a obrigação de postar sobre o press kit recebido, é uma opção sua passar ou não as considerações sobre o produto em seu veículo (sejam elas positivas ou negativas). Até hoje vejo muitas reclamações de blogueiros que recebem press kits e depois ficam recebendo e-mails de assessorias cobrando posts. Mais uma vez: você não tem a obrigação de postar nada! Se bom-senso é a palavra de ordem, o mais sensato é postar como agradecimento e para fortalecer o relacionamento – isso se você tiver gostado do produto, claro!

Munido dos dados da sua postagem, como número de acessos e engajamento, você pode entrar em contato com a empresa e pleitear uma parceria paga, sempre que lembrando que na maioria dos casos não é o assessor quem decide isso (você pode solicitar o contato do marketing ou da agência responsável pelas ações).

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Via de mão dupla

Assim como você, que produz conteúdo para o seu veículo, o assessor de comunicação também está tentando fazer o trabalho dele. Tente enxergar o jornalista como um aliado, e não como um concorrente ou uma pessoa que está atrapalhando seu caminho. Manter um bom relacionamento com agências e assessorias é essencial para o bom desenvolvimento do seu conteúdo, para a divulgação dos assessorados deles, e, quem sabe, um canal para futuros trabalhos remunerados.

O que está escrito neste texto não é nenhuma verdade absoluta e nem uma tentativa de ditar regras para o meio, é uma reflexão que acho válida para todos nós – jornalistas, assessores e criadores de conteúdo. E opiniões e ideias para valorizar o trabalho de todos são sempre bem vindas.

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