E se fosse meu filho?

A notícia já deixou de ser novidade, mas a imagem de Aylan Kurdi não sai da minha mente. Tenho certeza de que não sou a única. Que pai ou mãe não chorou ao ver o pequeno Aylan ali deitadinho – quase como se estivesse encolhidinho na cama tirando uma soneca no meio da tarde depois de gastar muita energia brincando? Que pai ou mãe não chorou ao pensar “E se fosse meu filho?”. Eu chorei pensando em Luca, eu chorei pensando em Aylan, eu chorei pensando em todos os pais e mães que saíram da maternidade sem seus filhos nos braços; penso nos pais que um dia voltaram pra casa e seus filhos não estavam mais lá, jamais voltariam.

Eu lembrei de Isabela Nardoni, de João Hélio, de Gabriela, de Bernardo. Me lembrei dos pais e mães dessas crianças e fui inundada com uma empatia enorme e vontade de abraçá-los e dizer que eu também sou mãe e que, embora não esteja sentindo a dor deles, eu entendo. Que eu choro com eles.

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+ Carta para Luca II

E escrevo esse texto ainda com lágrimas nos olhos, mas não com a intenção de trazer lembranças negativas ou de fazer alguém sofrer pensando nas maldades do mundo. Escrevo para lembrá-los de que, ainda que você acredite em vidas futuras, o tempo para estar com nossos filhos é nessa vida, nesse momento, no agora. Por alguns momentos no seu dia, largue o celular para brincar com seu filho. Para de tentar enganar a si mesmo dizendo que a sua falta de tempo é para o futuro do seu filho, e passe tempo com ele nem que seja por alguns minutos, mesmo que esteja cansado depois de um dia cheio.

Ignore os comentários de que o seu filho é muito grande para estar no braço, coloque-o no colo como se ele fosse um bebezinho… e o encha de carinhos, afagos e beijos, muitos beijos. E nunca, nenhum dia, deixe de abençoá-lo e de dizer “eu te amo”. 

Imagem de capa: Steve Dennis

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