Desde que me tornei mãe sinto uma pressão que não sentia nem quando trabalhava numa empresa que sugava toda a minha energia. É um tal de “não pode isso”, “não deve isso”, “aquilo está errado”, e eu fico completamente louca, a ponto de questionar se estou sendo boa mãe. Devo mesmo é fazer parte do time das mães imperfeitas!
Luca não nasceu numa piscina inflável e saiu nadando borboleta; ele não cruzou o olhar com o meu e falou “mamãe” em inglês, alemão e italiano; também não pegou o peito logo de cara, apertou e deu um arroto de fazer corar quem estivesse perto. Para as mães perfeitas, cujos filhos nascem perfeitos e membros da Mensa, me perdoem pelo conteúdo desse post. Eu sou uma mãe normal, cheia de defeitos, aprendendo a cada dia como criar um bebê e oferecer o melhor para ele.
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Não pode dar leite artificial ao nascer
Luca tomou, e continua tomando. O meu leite não desceu logo, e essa história de que o bebê pode aguentar até três dias pode até ser verdade, mas esqueceram de contar pro meu filho e ele chorava histericamente ainda na maternidade, só acalmando quando tomava o seu leitinho. Quando o meu leite finalmente desceu, me deparei com o problema do bico plano…
Tem que insistir com o peito
Insisti. Lutei. Passei por cima das minhas emoções confusas das primeiras semanas para oferecer o melhor para o meu filho. Tentei copinho, mamadeira com colherzinha na ponta, chamei consultora de amamentação para me ajudar, tomei tintura de algodoeiro, mas não rolou. Desde o início precisei da ajuda de um bico de silicone para fazer Luca mamar, e nem ele foi capaz de moldar o bico do peito para deixá-lo na forma ideal para a mamada {mesmo sendo importante sugar toda a aréola, o bebê não se habituou}.
O bico de silicone, que é visto pelas mães perfeitas como um crime inafiançável, para mim é o que ainda mantém Luca mamando até hoje – não exclusivamente, infelizmente – e ainda não me fez desistir. Não foi por falta de tentativas, nem as rachaduras no bico do seio me impediram de tentar, inclusive sem o bico de silicone. Ainda não perdi a esperança e me pego tentando fazê-lo pegar o peito sem o bico. Acho que mãe nunca perde a fé.
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Jogue fora mamadeiras, chupetas e qualquer outro bico que possa atrapalhar a amamentação
Não, não e não. Sorry, mas não. Como citei acima, as outras formas de dar o leite não deram certo, e parabéns para quem consegue ter sangue frio de ver o bebê chorando e continuar insistindo em algo que simplesmente não está rolando, eu não consigo. Se eu tivesse a garantia de cortar uma mamadeira e fazer o meu bebê mamar, seria maravilhoso, mas fazer o esforço para me deparar com um peito sem leite suficiente e deixá-lo chorando de fome, não dá. E não, não é fácil assumir publicamente que a fábrica de leite não funciona como deveria. Nenhuma mãe fica feliz com isso, mas faz o que pode.
Eu tentei e consegui
Fico feliz. De verdade! Eu adoraria escrever um post dizendo que hoje, com quase 4 meses, o aleitamento materno é a fonte única e exclusiva na vida do meu filho. Muitas mães nunca se depararam com nenhum obstáculo relacionado ao assunto; já li casos maravilhosos de mães que tentaram e conseguiram, porém também li casos de mães que tentaram, não conseguiram, foram crucificadas e ficaram deprimidas porque a sociedade de mães perfeitas e intolerantes conseguiu fazer com que elas se sentissem um lixo.
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Só uso fraldas ecológicas no meu filho
Até comprei uma, mas confesso que nunca usei. Sei que não estou fazendo a minha parte ao descarregar uma média de 8 fraldas descartáveis na natureza, mas a praticidade fala mais alto. E antes que as mães ecologicamente perfeitas venham dizer que vale a pena lavar as fraldas para ensinar desde cedo ao filho a preservar o meio-ambiente, respondo logo que concordo e incentivo. Na minha rotina, no entanto, não tenho como implementar mais esse sistema, pelo menos não por enquanto.
De forma alguma quero incentivar aqui o uso de mamadeiras, chupetas, bicos e leite artificial em detrimento ao leite materno. Se você é mãe de um recém-nascido e pode amamentá-lo, não abra mão dessa oportunidade, e prolongue essa atitude o máximo que puder. O vínculo que se cria com um filho que mama e a saúde que lhe é proporcionada não se conseguem com mamadeiras e leite artificial. O que estou expondo aqui é o que aconteceu/acontece comigo, e por mais que não seja a situação ideal em um mundo ideal, é mais corriqueiro do que se imagina. E se você é uma mãe perfeita {que não está sendo usado com ironia nesse post, acredite!}, entenda que as mães imperfeitas não o fazem por negligência, falta de vontade ou alienação, são circunstâncias que não são facilmente resolvidas.
De forma imperfeita, tenho tentado proporcionar o melhor para o meu filho. O que tenho percebido nesses quatro meses é que ele tem sofrido de um “problema” chamado ‘excesso de amor’. Com toda a minha imperfeição, Luca tem a mãe perfeita que o ama mais que tudo nessa vida!