10 sinais de que seu filho é uma criança ansiosa

No ano passado eu chegava a passar semanas sem cortar as unhas de Luca. Cada vez que eu pegava a tesourinha para cortar, elas já estavam tão curtinhas que se eu tirasse qualquer coisa corria o risco de ferir os dedinhos dele. Foi uma época em que meu filho não parava de roer as unhas! Conversando com a professora, que também percebeu o problema na escola, ela perguntou se ele era uma criança ansiosa ou se estava passando por algum problema em casa. Bingo!

O problema não era com ele, era comigo. Foi uma fase em que eu estava super ansiosa: com trabalho acumulando, sem conseguir conciliar minhas obrigações profissionais com os afazeres domésticos e com zero condições de parar muito tempo para ficar com ele. Eu chegava a perder o ar pensando nas coisas que tinha para fazer. Imagino que ver a própria mãe como uma bomba-relógio sempre prestes a explodir o tenha deixado ansioso também. Depois de um tempo – período em que eu me trabalhei mentalmente e passei a estar mais presente emocionalmente – o hábito de roer as unhas dele simplesmente parou.

“A ansiedade infantil pode sim ter origem no ambiente familiar”, comenta a psicóloga Ana Maria Soares, especialista em Neuropsicologia e Terapia Cognitiva Comportamental. “Se ela percebe a mãe, o pai ou qualquer pessoa muito próxima com um comportamento diferente do que está habituada, mais irritadiça, preocupada, a linguagem sendo colocada de uma outra forma e pouca tolerância com a criança, ela passa a apresentar também nervosismo, irritabilidade e alteração na qualidade do sono. E por que isso acontece? Porque a mudança desperta um sentimento de medo do que pode estar acontecendo e ela não sabe como expressar isso verbalmente. Quando o ambiente volta ao normal, ela se sente segura novamente e isso ajuda a equilibrar suas emoções, explica.

Como pai ou mãe, qualquer reação diferente na criança já é motivo para nos deixar de orelhas em pé. É importante observarmos cada comportamento para entender se é um caso isolado ou se o pequeno está se tornando uma criança ansiosa.

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10 sinais de que seu filho é uma criança ansiosa
1. Roer as unhas

A atitude de roer as unhas acontece até com os adultos em situações pontuais de medo, ansiedade ou nervosismo, mas é importante observar se o hábito na criança vem sendo frequente. Em vez de brigar com seu filho, tente compreender a origem desse hábito e passe a impor limites, como não roer as unhas na hora das refeições, por exemplo.

2. Falta de atenção

A falta de atenção pode ser um transtorno que precisa ser tratado ainda criança para não a prejudicar na vida adulta. Caso a reação não faça parte do transtorno de déficit de atenção, o problema desse comportamento pode ser a ansiedade. Fique atento a esse sinal para que isso não atrapalhe a convivência dele com outras pessoas e nem interfira na aprendizagem.

3. Palavras negativas

Observe se seu filho fala coisas que o deixam para baixo e sem motivação. Quando a criança acredita que não é boa o suficiente nos esportes, na escola ou em outras atividades, isso pode abalar a autoestima dela. Todo esse pensamento negativo pode deixá-la ainda mais ansiosa, daí a importância de sempre alimentar o pequeno com palavras de incentivo e ânimo.

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4. Preocupação excessiva

Situações triviais, como o começo das aulas ou o início de uma nova atividade, podem deixar a criança ansiosa, mas é uma reação considerada normal. Quando ela aparenta estar sempre preocupada, evita se relacionar com os colegas e reage com medo a qualquer coisa, é bom ligar as antenas e prestar mais atenção. Procure observar e identificar a origem de toda essa preocupação e tentar ajudar seu filho a tirar o peso desnecessário que ele está carregando. Caso seja um problema de família, como a separação dos pais ou a doença de um ente querido, ajude-o a entender que não é culpa dele.

5. Dificuldade em se relacionar com outras pessoas e ficar longe dos pais

Outro sinal de uma criança ansiosa é quando ela fica tensa em saber que vai ficar longe dos pais, mesmo que por pouco tempo, e se vai ter que interagir com outras pessoas. Verifique se seu filho fica desconfortável com a ideia de dormir fora de casa sem você e identifique as brincadeiras que o deixam desconfortável. Ele prefere brincar sozinho? Ele parece se sentir aliviado quando um dos pais está por perto? O apego aos pais é uma situação que pode ser trabalhada aos poucos para que a criança comece a criar sua independência. Uma ideia é levar o pequeno para dormir na casa dos avós pelo menos uma vez por mês.

6. Medo extremo

Sentir medo é absolutamente normal. Medo de monstros, medo do escuro e medo de perder um brinquedo são situações corriqueiras que podem ser resolvidas com uma boa conversa e orientação. Quando o medo se torna frequente e excessivo, é hora de tentar entendê-lo mais profundamente.

O medo é necessário para nossa autodefesa”, complementa Ana Maria Soares, “mas a criança precisa ser ensinada sobre a importância do medo e como enfrentá-lo. Alguns medos que são frequentes no universo infantil: o medo do escuro, de ser abandonada, de não ser aceita pelos colegas, dentre outros. A ansiedade pode estar presente em nossa vida, mas passa ser patológica quando a demonstração é excessiva, sem evidência de um risco real”.

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7. Dificuldade para dormir

Quem nunca passou uma noite se revirando de um lado para o outro na cama antes de um acontecimento importante? Isso é absolutamente normal. O que não é normal é quando o problema é frequente, principalmente em se tratando dos pequenos. Além da dificuldade para dormir, a criança ansiosa costuma ter pesadelos, medo do escuro ou medo de dormir desacompanhada.

8. Sensibilidade ao barulho

Sons altos afetam sensivelmente a criança ansiosa. Como seu filho se sente perto de pessoas que falam alto, em lugares com música com o volume acima do normal ou ao ouvir ruídos estrondosos? Observe a reação dele em circunstâncias cuja sonoridade esteja acima do que se considera regular.

9. Mudança de rotina

Sair da zona de conforto do ambiente familiar e enfrentar situações novas é um transtorno para os pequenos que sofrem de ansiedade. Isso porque eles estão acostumados com a rotina e com o conhecido, e quando se deparam com ambientes ou acontecimentos estranhos, o novo pode causar desconforto. É difícil para uma pessoa ansiosa lidar com algo que muda toda uma sequência do que ela está habituada, por isso a importância de conversar antes e explicar o que vai acontecer.

10. Segue pequenos rituais

O comportamento de uma criança ansiosa que precisa seguir rituais pode ser extremamente exaustivo, tanto para ela como para os responsáveis. Não existe um ritual certo, algumas só comem com um prato e um talher específico, outras só comem as refeições se a comida estiver separada, outras fazem exigências na hora de dormir.

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Imagem: Sunny Studio – Fotolia

Agora você conhece dez sinais para identificar se seu filho é uma criança ansiosa, e se ele apresenta mais de uma dessas reações, é imprescindível que você procure um profissional para averiguar a origem dessa ansiedade e como tratá-la.  A ajuda de um psicólogo é essencial para identificar o gatilho, o que despertou a alteração e o tipo de ansiedade que está controlando o comportamento da criança  (ansiedade generalizada, fobias específicas, ansiedade social, pânico ou até mesmo depressão). A correta identificação e o nível de comprometimento é o que define se o tratamento requer ajuda medicamentosa (com o acompanhamento médico) ou só a intervenção da psicoterapia. Quanto antes você conseguir identificar a questão, melhor para todos.

O Dona Bispa tem um post muito bacana: 10 coisas que pessoas ansiosas fazem com frequência. Vale à pena dar uma lida!

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3 comments Add yours
  1. Oi Ana

    que importante seu post! Às vezes somos nós, pais, os ‘causadores’ de alguns probleminhas com nossos pequenos.
    Ano passado, Arthur começou a dar mt trabalho na escola, eu fui chamada umas 3 vezes pq n melhorava. Após sentar com ele e tentar entender o q tava acontecendo, ele falou q tava bravo pq eu n parava mais em casa, que eu n ficava com ele no dia que n tinha escola e ele dormia sozinho a tarde :(
    Pois é, a causadora era eu! Eu estava fazendo estágio aos sábados, passava o dia todo fora e ele sentiu mt a minha ausência, mesmo que estive com o pai, em casa.

    Bjoooooos

    1. O pior é que certas coisas não temos como controlar, né? Tipo, eu não tenho a opção de não trabalhar (mesmo trabalhando de casa) pra ficar o tempo todo com ele, da mesma forma que você precisava se ausentar por questões profissionais. É muito jogo de cintura!
      Bjossss

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